A Historia da Borboleta
Artigo I

“E a borboleta lá, saindo do seu casulo no sentir da sua dor, mesmo com toda a sua eficiência,“demora”, devido às suas dificuldades que vinha enfrentando para a sua escalada da saída do casulo, para a vida nova, madura, plena para um voar satisfatório.”
Provavelmente nesta velha lenda da borboleta, da sua metamorfose difícil, haveria um homem angustiado, talvez depressivo também ao sentir a sua própria dor, ao vê-la neste estado de desenvolvimento ou de saída difícil do seu casulo. Este homem, não suportando a dor da borboleta, ao se ver também diante de um fato difícil da sua vida, o qual também serviria para transformá-lo, “metamorfoseando-se”, não conseguiria dar conta da angustiada espera que ela vinha enfrentando. Ele daria “uma mãozinha”, a ela, que na sua concepção, estaria muito triste, e com muita dor, sem conseguir sair daquele seu casulo, que para ele parecia muito escuro.
A falsa eficiência deste homem em ajudar estaria então a piorar a dor da borboleta, a machucá-la, aniquilando de alguma forma o seu processo essencial de evolução através de um esforço que seria natural, pois desta forma tornaria as suas asas totalmente debilitadas, ou não fortalecidas como deveria para poder voar.
Muitas vezes vemos situações difíceis mas não paramos para pensar, principalmente quando isso exige dias, ou um período de sofrimento ou de desenvolvimento prolongado.
Sofrer, neste sentido, significaria crescer. Uma doença difícil ou um evento traumático, por exemplo, nos ofereceria a oportunidade de repensarmos a vida, aprender, crescer, nos fortalecer, apesar de sentirmos uma nuvem escura, pairando no ar, sobre as nossas cabeças. Quem não consegue entrar neste processo de auto-reavaliação e amadurecimento, tempo dependente, acaba sofrer mais, adoecendo e sofrendo ainda mais, persistindo nos mesmos erros.
Nesta lenda da borboleta, o “bicho homem”, sem a paciência adequada, nela projetou suas dificuldades sem poder admitir como sendo suas, afetando-a com a sua impulsividade, máscara da sua dor, sem elaborar os seus problemas, ou seja, além dele sofrer, acabou por machucar o outro e a tornar o seu destino ainda mais difícil. Ao querer aliviá-la, no fundo no fundo aliviar-se, só fez por lesá-la e disfarçar a sua própria dor.
Quando bloqueamos este processo vital, nos impedimos de conhecer novos rumos e de adquirirmos novas forças revitalizadoras, de vermos novos horizontes, e de nos sentirmo-nos mais felizes. Desta forma, crescer, torna-se um círculo vicioso que consiste em sofrimento, seguido, pacientemente, de novas vitórias e de um amadurecimento progressivo na construção de uma vida muito mais realizadora e expansiva.

Autor: Dr. José Cervantes

Médico Endocrinologista

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