Recado aos pais!
Comer
é um dos atos mais prazerosos que existe.
No
ato do comer nos lembramos do bolo da vovó, do bolinho de chuva da mamãe, do
leitinho quente que saia da mama ou daquelas mamadeiras adoráveis, do chocolate
quente da titia ou daqueles doces gostosos, que a Dona Maria fazia, lá na
padaria.
O sabor dessas lembranças gustativas fica
impregnado em nossas mentes. O prazer de comer determinadas coisas “com aquele
cheiro” ou de sentir novamente aquele paladar antigo nos deixa extasiados.
Nunca
me esqueço uma vez, uma paciente diabética que havia perdido um filho, muito jovem,
e que adorava comer cocadas. Após a morte dele, ela continuava fazendo todas as
semanas uma quantidade suficiente deste doce permitindo assim uma reserva para que
“ele nunca faltasse”.
Como
era inevitável sentir o vazio da morte do seu filho amado, ela preenchia com a
deliciosa cocada que ela mesma fazia, “com açúcar e com afeto”. Ela também morreu,
mas de coma diabético, comendo muito doce. Para não sentir a falta do filho ela
se preenchia do que não podia?
Assim
também fazemos muitos de nós, nos intoxicamos de coisas que já não devemos
comer. Ainda permitimos que os nossos filhos, muitas vezes crianças sem
autonomia e conhecimento do perigo, façam isso com a vida deles. A isto, na
Pediatria, chamamos de crueldade.
Sabemos
que eles não podem; mas muitas vezes não nos esforçamos o suficiente para
defendê-los.
Muitas
vezes só se come para sentir uma presença querida, antiga ou presente. É
preciso aprender a lidar, e ensinar a lidar com um pouco de ausência. É preciso
aprender a ficarmos mais próximo dos nossos filhos; darmos mais afeto? Muitas
vezes é dos pais que essas crianças mais precisam.
Torna-se
necessário voltar a sentir o sabor da vida sem exagerar na quantidade de comida,
comedindo com afeto, presença nos ensinamentos.
Devemos
ensinar desde cedo os nossos filhos a não comer só o que eles mais gostam, mas
também o que nós pais queremos que eles comam. Devemos mostrar a eles através
de exemplos.
Não
é uma tarefa fácil, mas é possível e muito recompensadora quando ela é bem
sucedida.
A
sensação de que tudo isso traz é de muita impotência para os pais, para os
Endocrinologistas e muitas vezes também para as crianças obesas em tratamento.
Mas não podemos desistir, devemos continuar.
E lembrem-se pais, neste mundo epidêmico de
obesidade é de vocês que os seus filhos mais precisam.
Que
tenhamos boa sorte e desempenhemos um bom trabalho!
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