A CRIANÇA E A BIRRA



É muito comum nos dias de hoje os pais procurarem o psicólogo com a queixa de que seus filhos apresentam crises de birra. Em um primeiro momento, a criança é tida como manhosa e supõe-se que a birra será um fenômeno passageiro , mas se não for tomada certas atitudes frente a esses episódios, a situação tende a piorar.
As crises de birra têm a função de mostrar o descontentamento da criança. Elas ocorrem freqüentemente após a criança frustrar-se frente a algum pedido não atendido, alguma proibição, quando é solicitado que ela espere até que seja atendida, após uma ordem rotineira, etc.
A atitude dos pais frente a crise de birra é que vai fazer a diferença na hora de manter ou acabar com esse tipo de comportamento. Alguns pais se vêem perdidos quanto a melhor conduta a ser tomada, para outros a ação pode variar de acordo com o humor, a paciência, o horário, o local, se há ou não outras pessoas presentes. Essa “variação” acaba contribuindo muito para que as crises continuem ocorrendo. Um exemplo típico é aquela famosa cena que se vê em supermercados ou padarias em que a criança pede algo, a mãe nega num primeiro momento mas depois acaba cedendo após a criança chorar e se atirar no chão.
A partir do momento em que a criança é atendida logo após uma crise de birra, o que está sendo ensinado para ela é que quando contrariada, sendo birrenta será atendida de imediato. A criança birrenta também pode ter dificuldade em manter suas amizades caso ela comece a fazer birra com seu colega no caso de perder no jogo ou quando não puder comandar uma brincadeira por exemplo.
Alguns pais se enganam ao pensar que a birra pode ser um sinal de esperteza e de que seu filho é um gênio porque sabe o que fazer para conseguir o que quer. Mas é mesmo um engano, a criança que é acostumada a ter seus pedidos atendidos frente as crises de birra, não toleram bem a frustração/restrição e ficam perdidas sem saber como utilizar os meios normais para conseguir o que deseja. Dá para imaginar a conseqüência desse comportamento no futuro?
Ceder as crises ou castigar a criança não é o melhor caminho pelo fato de não evitar que a birra continue em outras situações apesar de acabar com ela momentaneamente.
É necessário que os pais mantenham a calma, sejam firmes perante sua posição inicial (antes da crise) e não se preocupem com que os outros vão pensar na hora em que estão educando seus filhos
Grunspum dá algumas sugestões de como agir frente as birras como:
· Permitir que a crise chegue ao fim sem interferência nenhuma,
· Terminada a crise, acariciar a criança como forma de mostrar que não teve o que queria mas que não perdeu o amor que se tem por ela
· Dar atenção pelas coisas boas que a criança faz para que a criança se sinta valorizada e amada.


Autora Karine Franciscon
Psicóloga Clínica

Bibliografia: Haim Grunspum. Distúrbios Neuróticos da Criança. 5° edição - 2003

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