O FILHO DE PAIS SEPARADOS



É muito comum os pais procurarem um psicólogo para seu filho quando este se apresenta muito agressivo, inquieto, com problemas na escola, não dorme bem, entre outras dificuldades. Mas tenho observado que apesar das queixas diferenciadas, uma pergunta meio culposa tem aparecido: “Será que meu filho está assim porque me separei?”.
Para o filho, a separação do casal pode ser um pouco difícil num primeiro momento até que todos se adaptem a nova situação, mas não chega a ser o problema maior. O que vai fazer a diferença é a forma com que os pais lidam com o final do relacionamento e como se comportam com o filho.
É importante que os pais analisem suas atitudes pós-separação a fim de não trazerem conseqüências prejudiciais para seus filhos. Citarei alguns casos bastante delicados:
- A falta de diálogo entre os pais. A educação dos filhos depende de diálogo entre os pais, se estes não se comunicam não podem chegar a uma conclusão a respeito de que caminho este deve seguir, o que é certo e errado, o que pode e não pode, etc. Neste caso também há o costume de colocar o filho de “mensageiro de recados”, o que é ainda pior, pois ele é obrigado a mediar uma situação como se fosse o adulto maduro que os pais não estão sabendo ser.
- Falar mau da mãe para o filho ou vice-versa. Essa conduta pode favorecer que o filho se desinteresse da sua mãe (ou pai) e fique com muita raiva dela (dele). O que seria muito ruim pois o filho necessita de ambos e quanto maior é o amor que ele tem dos pais, mais feliz ele será.
- Falar mau do novo companheiro da mãe ou do pai. Não cabe ao ex marido (ou ex mulher) julgar o companheiro do outro, esse comportamento pode vir a diminuir ainda mais o contato do filho com aquele que não está morando junto, pois se toda vez que for levar a criança para casa tiver confusão, a tendência é não levar mais. Desta forma até os programas de viagens de férias que poderiam ser feitos com aquele que não convive no dia-a-dia acabam sendo cortados.
- Não pagar a pensão do filho com o intuito de provocar ex-parceiro. Neste caso acaba prevalecendo o ódio contra o ex e as necessidades do filho acabam ficando para segundo plano. O filho não terá menos despesas de escola, alimentação, higiene e etc porque não mora mais com pai e mãe no mesmo teto. O que tiver pendente para ser resolvido entre o casal não deve envolver o filho.
- Tratar o filho como se ele também fosse ex. Não é porque um relacionamento termina e depois surjam outros filhos em outros relacionamentos que aquele do primeiro casamento deixa de existir. Ele continuará sendo filho e tendo necessidade da presença de ambos pais na sua vida.
Esses são alguns exemplos do que acontece com freqüência quando há uma separação. Não pretendo esgotar o assunto com este artigo e sim alertar alguns pais para que resolvam os conflitos de ex-casal sem interferir na relação que têm com seus filhos. Quanto melhor se resolve a questão da separação, mais tranqüila e saudável será a vida do filho de forma que ele não tenha motivos para se sentir inferior porque os pais não vivem mais juntos. Mas para isso ele deve se sentir amado e querido pelos dois. Sempre.


Fonte: Karine Kranciscon

Psicóloga Clínica

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