É mais difícil ancorar um navio no espaço


Tive uma redação considerada nota dez, pelo menos na idéia, não sei se na gramática, que uma professora do anglo Tamandaré, São Paulo (1987) me presenteou ao ler entusiasmada o seu conteúdo. Talvez aí já se resolvesse a minha inclinação à medicina, incluindo a medicina psicossomática. Falei de alguma coisa impalpável, existente, mas que não podemos tocá-la, só podemos sentí-la, mesmo não podendo comprová-la.
Desde aquela época, sem conhecer nada sobre o Dr. Sigmund Freud, neurologista austríaco e pai da psicologia, e fundador de temas sobre o inconsciente, eu já estivesse falando exatamente sobre o assunto, pensando nele como um lugar onde armazenamos tudo, mas não sabemos onde fica guardado, não tendo um espaço físico determinado no cérebro. Sendo assim, fica assim mais difícil ancorar um navio no espaço. Este foi o tema desta minha redação.
Em momentos tenebrosos ou de grandes exigências emocionais, onde nossos sentimentos podem ser por demais cobrados, sobrecarregados ou abusados pelo ambiente ou pelas atitudes alheias é que devemos coordenar o nosso barco na tempestade, estando preparados para não deixá-lo afundar. Precisamos tentar ancorá-lo nesses momentos específicos para que ele não vá para onde não queremos ou jamais deveria ir. Nossa vida emocional pode estar sendo guiada por velejadores que não temos domínio. A luta é grande para mantermos nossa atitude mental e como conseqüência a nossa saúde física. Já não temos controle total ou consciente sobre nossa história passada e nem mesmo atual.
Nestes momentos difíceis, sem termos condições físicas, psíquicas para tal feito no mar, para nos ancorar ou segurar sobre a onda turbulenta, pode ser que nos sintamos no espaço, flutuando, sem base e sem saber para onde ir, como reagir, e nos portar. Torna-se muito importante procurarmos equilíbrio e sempre que possível recorrermos, pedir ajuda a quem possa nos auxiliar a nos salvar, mesmo que não possamos morrer por doenças físicas graves diante do sofrimento psicológico. Agora pelo menos já adquirimos a consciência de que tudo isto nos acontece devido a uma grave impressão inconsciente de nossas aflições do dia a dia. Sozinhos, normalmente não podemos compreender estas nossas aflições de um modo a solidificar o nosso porto seguro consciente e para o auto-cuidado com nossa saúde. Para isto é que existem profissionais da área de medicina psicossomática e de saúde mental que tratam de assuntos do nosso inconsciente. Assim pode ficar bem mais fácil ancorar um navio no espaço.
Dr. José O. Cervantes Loli é médico Endocrinologista e especialista em Medicina Psicossomática.

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