Quem deve tratar o doente obeso


A obesidade é uma doença multifatorial e sempre está associada a uma lista enorme de preconceitos tanto por parte de quem se trata (o paciente obeso), como de quem a trata (o médico).
A Endocrinologia (e metabologia) é a especialidade responsável pelo tratamento da obesidade, assim como a cardiologia é a principal responsável pelas doenças do coração. É a Endocrinologia que a estuda profunda e cientificamente.
Não se deve simplificar o ser obeso com aquela velha idéia de que só fica obeso quem quer, ou porque se é um glutão e de que basta se fechar a boca para tudo se resolver. Não é assim. Torna-se fácil simplificar uma doença para quem não pode aceitar o desafio de melhor tratá-la tendo em vista o comprometimento não só da saúde física, mas também da saúde psíquica, social e afetiva.
A obesidade abrange um número acentuado de causas. O Endocrinologista é o melhor perito para investigá-la, relacionando suas causas às suas possíveis complicações metabólicas.
A visão de tratamento do paciente obeso deve ser apurada, não devendo ser praticado um tratamento puramente estético; deve-se ter um conhecimento de causa e efeito da doença. Talvez seja por isso que a medicina estética não tenha reconhecimento pelo Conselho Federal de Medicina para o tratamento da obesidade.
O organismo humano não é um simples modelo de corpo e de curvas, mas sim de grande complexidade, não se devendo ignorar fatores primordiais que possam levar à obesidade, como as doenças metabólicas e hormonais e também as emocionais. Nada se cria ou se desenvolve sem o dedo da genética ou do ambiente, mas toda doença é construída de uma forma única e individual.
O indivíduo obeso muito se pune e ele deve ser fortalecido e orientado a aceitar a sua condição como doente e assim melhor aceitar o seu tratamento. Deve-se colaborar para o fortalecimento da sua auto-estima, ensiná-lo e prepará-lo para não aceitar as afrontas à sua pessoa e à sua patologia por profissionais não qualificados de modo a desrespeitá-lo. Ele deve se conscientizar de que é um doente que deve ser atendido em suas necessidades.
Além disso, as medicações nunca deverão atingir negativamente a estrutura psíquica do doente pois ele já está predisposto a possuir várias doenças emocionais associadas. O Transtorno de Compulsão Alimentar Periódico (TCAP), a Síndrome do Comer Noturno, a Bulimia Nervosa e Anorexia Nervosa e outros transtornos alimentares que podem surgir desde a infância e a adolescência são exemplos dessas doenças com percurso durante o tratamento.
Estes distúrbios, além da depressão e da ansiedade, devem ser levados em consideração de forma especial pelo Endocrinologista.

Aqui vai uma sugestão de leitura de um livro que ilustra muito bem o tratamento especializado da obesidade: “Obesidade Como sintoma – uma leitura Psicanalítica”, editora Vetor. Neste livro estudou-se um grupo de pacientes onde tive o privilégio de acompanhá-los como especialista e onde a psicóloga e autora do livro, Maria Salete Arenales-Loli abordou os aspectos emocionais da obesidade nos brindando com um conteúdo riquíssimo de informações. Esta é uma experiência clínica única, estendida aos pacientes que hoje tratamos na Clínica Cervantes.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Excesso de insulina

Sintomas do hipertireoidismo